OBS: Só pra constar, eu não tenho nada contra algum programa de TV que eu mencoinei abaixo, a intenção foi apenas comparar a internet com o que se passa na TV.
OBS²: O comentário acima não é válido para
Teletubbies.
Reportagem ÉPOCA, 06/08/2007
“Andrew Keen foi um dos pioneiros da internet na Califórnia dos anos 90. Hoje, Keen é um cético, uma voz dissonante daqueles que se empolgam com o conteúdo produzido e divulgado por qualquer internauta. Tornou-se um dos críticos mais vocais desse fenômeno, conhecido como web 2.0. Em seu livro The Cult of the Amateur (O Culto ao Amador), ele diz que a web 2.0 nivela por baixo a produção, piora a qualidade da informação e ameaça a cultura. “Há muita picaretagem na internet”, afirma.
ÉPOCA – O senhor diz em seu livro que o conteúdo de internet produzido pelo cidadão comum gera um culto ao amadorismo. Por que considera isso uma ameaça a nossa cultura?
Andrew Keen – É uma ameaça porque cria a ilusão de que todos somos autores, quando, na verdade, deveríamos ser leitores. Dá às pessoas ilusão sobre suas habilidades. Todo mundo tem algum talento, mas a maioria de nós realmente não tem muito a dizer. Somos melhores lendo um jornal ou assistindo à televisão do que tentando nos expressar na internet. [ Lugar de burro é na frente da TV, sendo alienado, em outras palavras]
ÉPOCA – Por que o senhor afirma que esse fenômeno pode destruir a mídia tradicional?
Keen – Parte da mídia tradicional já foi destruída. Estamos assistindo à morte lenta da indústria da música, [morte beem lenta já que dura mais de 10 anos, desde o boom do Napster em 1996/1997 ] estamos assistindo à morte lenta dos jornais locais nos Estados Unidos. Não acho que nós viveremos num mundo sem nenhum profissional especializado em agregar informação. A questão central é a idéia de que os consumidores continuarão a pagar por conteúdo. Você já vê no mercado fonográfico que eles não vão. Mais e mais pessoas pensam que a música deve ser livre e estão roubando-a. A mídia tradicional não vai exatamente morrer, mas vai mudar dramaticamente. Os meios de comunicação de massa – que considero democráticos e onde conteúdo de qualidade é acessível pelo preço de US$ 10 ou US$ 15 para comprar um CD [ CD Dimmu Borgir R$ 80,00; CD Alejandro Sanz R$ 129,90; CD Daft Punk R$ 54,00 ], assistir a um filme ou comprar um livro – talvez se tornem coisa do passado. Enquanto os utópicos digitais falam sobre democratização da mídia e do conteúdo, acredito que a conseqüência é o aparecimento de uma nova oligarquia. A tão propalada democratização, na verdade, tornará o entretenimento cutural de alta qualidade menos acessível às pessoas comuns. [ Hm? ]
ÉPOCA – Entusiastas da web 2.0 dizem que os blogs, independentes de grandes interesses, são uma fonte pura de informação. Por que o senhor discorda?
Keen – Alguns blogs são muito bons. Mas os blogs não são objetivos. Não tenho problemas com a blogosfera se você ler o jornal antes. A blogosfera depende de a pessoa ser familiarizada com a mídia sofisticada. Se você está familiarizado com notícias, se entende como a tecnologia funciona, a blogosfera pode ser útil. Mas preocupa-me que, especialmente para os jovens, a blogosfera se torne uma fonte substituta de notícias. Eles acreditam em tudo o que lêem, [ isto não deveria se tornar verdade também para quem assiste Globo e lê a Veja? ]então me preocupo que a blogosfera se torne forte numa sociedade em que as crianças não fazem a menor idéia de como ler “através” das notícias. Elas estão perdendo sua capacidade crítica. [ Agora a culpa é da internet. Xuxa não tem nada a ver com isso. Muito menos os Teletubbies, que cá entre nós são uma mostra da programação altamente crítica da TV ] Você sabe que o The New York Times é pró-Israel e socialmente liberal. Sabemos que o The Wall Street Journal é editorialmente muito conservador. Não há jogos, é óbvio, você pode ler através. Em muitos blogs, não.
ÉPOCA – Por que isso é perigoso?
Keen – Na mídia tradicional há meios de checagem. [ Que nem sempre são divulgados ]Se você não é anônimo, todos sabem quem você é, para quem você trabalha. No mundo on-line, não sabemos quem são essas pessoas que operam em sites como Digg.com (o site que estabelece um ranking de notícias interessantes com base no voto de internautas), Reddit ou Wikipédia. Elas poderiam estar num programa do governo, numa organização terrorista, numa corporação, como Wal-Mart ou Exxon Mobil, colocando conteúdos no YouTube, na blogosfera, fingindo que isso é independente. [ Teoria do Caos ]Isso nos deixa à mercê de uma nova oligarquia, [ ! ]num mundo onde é mais difícil checar a verdade que na mídia tradicional. [ !! ]
ÉPOCA – Alguns especialistas consideram a web 2.0 uma manifestação da “sabedoria da multidão”...
Keen – Na teoria, a sabedoria da multidão pressupõe o envolvimento de todos. Nesse caso, todo mundo estaria envolvido, todo mundo estaria editando a Wikipédia, todo mundo estaria adicionando recomendações no Digg ou no Reddit, todo mundo estaria adicionando resenhas no Amazon e talvez isso fosse um bom trabalho. Mas, na realidade, a maioria de nós não faz isso porque não tem tempo, interesse ou energia. O que chamamos de “sabedoria da multidão” tem sido seqüestrado por uma pequena elite, por uma oligarquia.[ !!! ] Somos atingidos por uma cultura em que as pessoas no controle não são transparentes ou responsáveis. Isso é assustador.
ÉPOCA – Quem são os membros dessa nova oligarquia?
Keen – Muitos são jornalistas fracassados, gente que não conseguiu ser da mídia, por isso é ressentida, raivosa. [ Aahn, agora vejamos... No próprio site da Época há blogs de colunistas, que não me parecem nem um pouco fracassados.. Isso seria tipo uma dor de cotovelo ou ataque gratuito? ]Eles têm fome de poder. Representam um novo tipo de oligarquia que encontrou um meio de obter uma grande parcela de poder. São treinados, podem ter agendas sobre as quais nada sabemos. São tendenciosos, bem formados, jovens, raivosos e radicais. [ Parece a descrição dos pitt-boys ]Não têm valores significativos, na minha visão, para a nossa cultura. [ Ok, crianças, desliguem o PC e vão assistir os novos episódios de “Três espiãs demais” ]
ÉPOCA – Por que o senhor questiona a confiabilidade de sites como Wikipédia ou Digg.com?
Keen – A Wikipédia é um dos grandes perigos porque é tão inconfiável, tão pobre, tão falha em todos os tipos de conteúdo. O Digg é particularmente problemático. Minha forte suspeita é que as recomendações são feitas por grupos de ativistas, de garotos de 20 e poucos anos, sem nada melhor para fazer. [ O.õ ] Não devemos confiar porque não sabemos quem está recomendando aquilo. Eles são anônimos, podem estar tentando moldar nosso gosto de acordo com interesses particulares. [Yeeaah, vou fazer todo mundo gostar de alho e provocar uma crise na economia mundial do alho ò.ó ]Na Wikipédia ninguém sabe quantos editores realmente existem, quem são eles. Como as pessoas têm tempo para editar a Wikipédia ou para continuamente fazer recomendações no Digg? [ fantasmas do submundo? ] Como pagam suas prestações ou põem comida na mesa? Não sei, nem você. O modelo do Digg, do Reddit e da Wikipédia se presta à corrupção. Todos os dias há novas evidências de que as pessoas estão usando esses sistemas em benefício próprio.
ÉPOCA – No livro Como a Picaretagem Conquistou o Mundo, o jornalista inglês Francis Wheen mostra que teses absurdas, tolas ou falsas são aceitas com facilidade. A web 2.0 é uma delas?
Keen – Há muita picaretagem sobre a web 2.0. As três palavras que representam as maiores picaretagens na internet são os “3Cs”: conversação, colaboração e comunidade. É por isso que escrevi meu livro. Para dizer: “Olhe, a maior parte disso não é verdade, é apenas bobagem, é picaretagem, lixo”. Mas há mais que isso em jogo. Há gente ficando rica com tudo isso. Quem tem ações do Google, YouTube [que deu prejuízo de 2 bi para o Google em 2006 ], MySpace está juntando uma fortuna. É um negócio sério, há interesses importantes demais envolvidos para ignorarmos o que está acontecendo.